A artrite reumatóide (AR) é uma doença inflamatória autoimune crônica que afeta principalmente as articulações, causando dor, rigidez e inchaço. As doenças cardiovasculares (DCV) abrangem uma série de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e hipertensão. Ao longo dos anos, a investigação revelou uma ligação convincente entre estas duas condições aparentemente não relacionadas, levando a uma exploração mais profunda da sua interação e impacto nos campos da reumatologia e da medicina interna.
Artrite reumatóide e doenças cardiovasculares: uma relação complexa
A associação entre AR e DCV é multifacetada, envolvendo uma combinação de fatores de risco cardiovasculares tradicionais e fatores específicos da AR.
Fatores de risco cardiovasculares tradicionais em pacientes com AR
Pacientes com AR apresentam prevalência aumentada de fatores de risco cardiovasculares tradicionais, como hipertensão, dislipidemia e diabetes. Esses fatores de risco contribuem para o desenvolvimento de aterosclerose e subsequentes eventos cardiovasculares, tornando os pacientes com AR mais suscetíveis a DCV.
Fatores específicos da AR que contribuem para o risco cardiovascular
Além dos factores de risco tradicionais, os factores específicos da AR, incluindo a inflamação crónica e os efeitos sistémicos da doença, desempenham um papel crucial na elevação do risco cardiovascular. A inflamação sistêmica persistente e a produção excessiva de citocinas na AR contribuem para a disfunção endotelial, aterosclerose acelerada e aumento do risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Impacto na Reumatologia e na Medicina Interna
A intrincada relação entre AR e DCV tem implicações significativas tanto para reumatologistas quanto para internistas.
Perspectiva da Reumatologia
Os reumatologistas devem reconhecer que o manejo da AR vai além do alívio dos sintomas articulares; envolve a mitigação do risco cardiovascular, abordando a inflamação, monitorizando de perto os factores de risco tradicionais e implementando estratégias preventivas. Além disso, os reumatologistas podem colaborar com os cardiologistas para otimizar o tratamento cardiovascular dos pacientes com AR, garantindo uma abordagem abrangente ao manejo da doença.
Perspectiva da Medicina Interna
Os internistas precisam estar vigilantes na avaliação do risco cardiovascular em pacientes com AR, pois a própria presença de AR é um fator de risco independente para DCV. A implementação de intervenções direcionadas para modificar os fatores de risco tradicionais e controlar a inflamação é fundamental na prevenção e gestão das DCV nesta população.
Conclusão
A ligação entre a artrite reumatóide e as doenças cardiovasculares é inegável e o seu impacto na reumatologia e na medicina interna é profundo. Reconhecer e abordar as implicações cardiovasculares da AR é crucial na prestação de cuidados holísticos aos indivíduos afetados e exige colaboração entre reumatologistas e internistas para melhorar os resultados e a qualidade de vida dos pacientes.