Para pacientes com câncer, fazer escolhas sobre contracepção pode ser complexo e desafiador. O impacto do tratamento do cancro na fertilidade, bem como a necessidade de equilibrar os potenciais riscos e benefícios dos contraceptivos, requer uma consideração cuidadosa. Aqui, exploramos os vários fatores que os pacientes com câncer e os profissionais de saúde devem levar em consideração ao escolher a contracepção.
O impacto do tratamento do câncer na fertilidade
Os tratamentos contra o câncer, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia, podem ter efeitos profundos na fertilidade. Para alguns pacientes com câncer, estes tratamentos podem levar à infertilidade temporária ou permanente. Como resultado, é essencial que os pacientes com cancro considerem as suas opções de preservação da fertilidade antes de iniciarem o tratamento. Para aquelas que desejam evitar a gravidez durante ou após o tratamento do câncer, é crucial selecionar uma forma adequada de contracepção.
Considerações para escolher a contracepção
Ao escolher a contracepção, os pacientes com câncer devem considerar os seguintes fatores:
- Eficácia: O método contraceptivo escolhido deve ser altamente eficaz na prevenção da gravidez. Pacientes com câncer podem ser mais vulneráveis aos riscos potenciais associados a uma gravidez indesejada, por isso é importante escolher um método com baixa taxa de falha.
- Segurança: Algumas formas de contracepção podem ter contra-indicações ou potenciais interações com certos tratamentos contra o câncer. É importante que os pacientes com câncer discutam seu histórico médico e plano de tratamento com um profissional de saúde para determinar quais métodos são seguros para eles.
- Opções hormonais versus não hormonais: Para pacientes com câncer, especialmente aquelas com cânceres sensíveis a hormônios, o uso de anticoncepcionais hormonais pode levantar preocupações. Opções não hormonais, como métodos de barreira, dispositivos intrauterinos (DIU) e esterilização, podem ser mais adequadas para alguns pacientes.
- Uso de longo prazo versus uso de curto prazo: O tratamento e a recuperação do câncer geralmente envolvem mudanças significativas na saúde e no estilo de vida. As pacientes podem precisar considerar se preferem um método contraceptivo reversível que permita maior flexibilidade ou uma solução mais permanente, dependendo de seus desejos futuros de fertilidade.
- Reversibilidade: Pacientes que preveem querer engravidar no futuro devem considerar a reversibilidade do método contraceptivo escolhido. A fertilidade pode ser uma prioridade para alguns sobreviventes do cancro, por isso é importante seleccionar um método que permita a restauração atempada da fertilidade após o tratamento.
- Orientação para profissionais de saúde: Pacientes com câncer devem procurar orientação de profissionais de saúde que tenham conhecimento sobre tratamento de câncer e contracepção. Cuidados especializados e recomendações individualizadas são essenciais para garantir que o método contraceptivo escolhido esteja alinhado com as circunstâncias médicas e pessoais únicas da paciente.
Opções contraceptivas para pacientes com câncer
Existem várias opções contraceptivas disponíveis para pacientes com câncer, cada uma com seus próprios benefícios e considerações:
Métodos de barreira:
Métodos de barreira, como preservativos, diafragmas e capuz cervical, fornecem uma barreira física para impedir que os espermatozoides cheguem ao óvulo. Eles não são hormonais e têm impacto mínimo na fertilidade. No entanto, a sua eficácia pode ser inferior em comparação com outros métodos, sendo crucial a sua utilização consistente e correta.
Dispositivos Intrauterinos (DIU):
O DIU é uma forma de contracepção reversível e de ação prolongada que pode fornecer controle de natalidade eficaz por vários anos. Eles estão disponíveis em opções hormonais e não hormonais, oferecendo flexibilidade para pacientes com diferentes necessidades e considerações. Os DIUs são considerados seguros para a maioria dos pacientes com câncer e não afetam a fertilidade futura.
Implantes:
Os implantes contraceptivos subdérmicos são uma opção contraceptiva hormonal de longo prazo altamente eficaz. Eles são colocados sob a pele e fornecem proteção contra a gravidez durante vários anos. No entanto, a sua natureza hormonal pode suscitar preocupações para certos pacientes com cancro e requerem procedimentos de inserção e remoção realizados por profissionais de saúde.
Esterilização:
Para pacientes que têm certeza de seu desejo de prevenir uma gravidez futura, métodos de esterilização como laqueadura tubária ou vasectomia podem ser considerados. Estas opções contraceptivas permanentes são adequadas para indivíduos que completaram a família ou não desejam ter filhos no futuro.
Contracepção de emergência:
No caso de relações sexuais desprotegidas ou falha contraceptiva, os pacientes com câncer podem necessitar de contracepção de emergência para evitar a gravidez. Opções como pílulas anticoncepcionais de emergência ou dispositivo intrauterino de cobre (DIU-Cu) podem ser consideradas, mas é importante consultar imediatamente um médico.
Contraceptivos orais combinados (AOCs):
Embora os AOCs contenham hormonas que possam suscitar preocupações para alguns pacientes com cancro, podem ser adequados para indivíduos que não correm risco de cancros sensíveis a hormonas. Os AOCs oferecem regulação do ciclo menstrual e podem ser considerados para pacientes sem câncer que buscam contracepção e controle dos sintomas menstruais.
Conclusão
A escolha da contracepção no contexto do cancro requer uma consideração cuidadosa do impacto do tratamento do cancro na fertilidade, nas necessidades individuais de saúde e nas preferências pessoais. Os pacientes com cancro devem participar em discussões abertas e informadas com os prestadores de cuidados de saúde para determinar os métodos contracetivos mais adequados com base nas suas circunstâncias específicas. Ao compreender as considerações para a escolha da contracepção em pacientes com cancro, os indivíduos podem tomar decisões capacitadas para proteger a sua saúde reprodutiva enquanto gerem o seu diagnóstico e tratamento do cancro.